sábado, 2 de novembro de 2013

O Nostálico56


Quando se fala cada vez mais do envelhecimento da população e da sua redução no interior do país, onde se encontra o nosso concelho, descobri um e-mail enviado há uma década atrás para o então presidente da câmara que vou partilhar convosco:

“Estimado Sr. Presidente da Câmara Municipal de Monchique,

Sabendo que também é sua preocupação a diminuição da natalidade e o envelhecimento da população do nosso concelho, associado a escassez de oportunidades profissionais no interior do nosso Pais, venho por este meio sugerir-lhe algumas pequenas ideias:

  • Plantar uma árvore num dos jardins da vila, ou no Marmelete/Alferce, por cada bebé nascido/registado no concelho.
  • Aplicação da TARIFA FAMILIAR DA ÁGUA, idêntica à que vigora em alguns concelhos do Pais.
  • Escola profissional (com áreas que possibilitem a equivalência ao 12ºano).
  • Pólo universitário/politécnico ligado a cursos agro-florestais/ Turismo, etc.”

 

No entanto, e enquanto presidente da JSD de Monchique, já tinha proposto em meados da década de 90 a necessidade de existirem outras opções (incluindo nessa data a proposta de pressão sobre o ministério para a existência do 12ºano em Monchique, mesmo que apenas em uma ou duas áreas) para quem não queria, ou não podia, prosseguir os seus estudos em Portimão. Mas, perdeu-se o “timing”…

Aliás, já o tinha referido numa edição anterior do Nostálico.

Volto a este tema porque, na minha opinião, continua a ser um dos principais, senão o principal, problema do nosso concelho!

O que fazer para que o nosso concelho não seja num futuro próximo um local de idosos, como já sucede em tantas aldeias do interior de Portugal?

Talvez recuperando algumas das ideias do e-mail atrás exposto possa ser um principio…

 

Não podia escrever esta edição sem fazer a devida referência à “amiga” TSU (Taxa Social Única), uma medida contributiva para a segurança social, aplicada a trabalhadores e empresas!

Mas, antes, não posso deixar de relembrar que a redução da TSU está prevista no memorando de entendimento, assinado pelo anterior governo socialista, o mesmo que hipotecou exponencialmente o nosso futuro com políticas ruinosas, das quais as PPP são o mais claro exemplo.

Quer o governo Português (incluindo os anteriores ao referido, liderado pelo estudante de filosofia em Paris), quer as empresas públicas, quer os institutos públicos, quer os municípios onde claramente se endividaram, hipotecando o futuro das populações, deviam responder em tribunal por esses exemplos claros de incompetência!

Voltando à TSU, não existem dúvidas que o anúncio feito pelo 1ºministro foi infeliz. Não foi negociado previamente com os parceiros sociais, com quem tinha feito algo nunca pensado nestes últimos anos, o acordo de concertação social. Foi de uma insensibilidade social extrema, para não falar em injustiça social, e não teve o discernimento de explicar atempadamente as medidas cumulativas que posteriormente foram anunciadas pelo ministro das finanças, nomeadamente o aumento dos impostos sobre o capital e rendas.

Infelizmente, e pelos erros do passado, porque não é possível esquecer que sem o apoio da troika, não existiria capacidade do Estado Português em pagar salários e pensões num curtíssimo prazo, não existe outra alternativa à austeridade, até porque se existisse, alguém já a teria comunicado (mesmo que radicalmente, talvez a pensar na oposição interna vinda da CM de Lisboa, o líder da oposição, seguramente não o fez)!

Claro que é imperativo olhar para o crescimento económico, principalmente pelo aumento das exportações. Algo que até tem vindo a suceder, embora muito à custa da redução do consumo privado, consequência do decréscimo natural do poder de compra dos Portugueses.

Como a redução da TSU para as empresas é mesmo para avançar, e não concordando com ela pela existência de uma clara transferência dos custos do capital para os custos do trabalho, resultando nas manifestações obvias que tem sucedido por todo o País, então ela que seja aplicada às empresas produtoras de bens transaccionáveis, às empresas exportadoras, incluindo a possibilidade de isentar temporariamente de TSU as empresas que contratem novos empregados (uma forma de estimular o emprego), e a devolução dessa TSU ao Estado pelas empresas monopolistas, como a Galp, EDP, PT e outras.

Por último, tem de ser dirigida uma política económica forte, permitindo por exemplo reduzir impostos a empresas que reinvistam lucros (lamento, mas esta medida, como foi inicialmente anunciada, não irá beneficiar só a tesouraria de algumas empresas, também vai encher os bolsos de muitos “patos bravos” que ainda vão infestando o nosso mundo empresarial!).

Mas, não à custa dos trabalhadores!

 

Para quando uma reforma do Estado, sem medos, reduzindo o seu peso? Esta também tem de ser a prioridade do nosso governo, a par da referida politica económica que permita o crescimento económico e o aumento das exportações.

Caso se pense no IVA como alternativa, que se altere a taxa sobre a restauração e hotelaria! Não gostei do Allgarve, mas não podemos descurar o turismo e a sua importância para a economia Portuguesa. E, esta medida, foi não só lesiva para muitas empresas deste ramo, como também para a quebra das receitas fiscais verificada este ano.

    

Não posso terminar esta edição sem fazer uma referência ao futebol nacional. Depois de não querer vender abaixo da cláusula de rescisão de 100 milhões, posteriormente não aceitar vender por 50 milhões, o clube das Antas vendeu o herói de BD verde por 40 milhões? Depois, o resultado são intervenções cirúrgicas…

 

Despeço-me de todos à velocidade de uma manifestação pacífica pela exigência que temos todos de fazer ao Estado para combater a evasão fiscal e a economia paralela. Esta, sim, uma manifestação que nos ajudaria a todos…

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