segunda-feira, 30 de março de 2009

As Nóias dos Chefes I

A sorte e/ou o azar levaram-me a trabalhar em diferentes empresas, nomeadamente no Montepio, Otia, Fiat, Goodyear, Caixa Agrícola e Yokohama.
Um amigo e ex-colega de uma das referidas empresas, desafiou-me a escrever alguns episódios passados nessas empresas, geralmente protagonizadas pelos “Chefes”!
Estive presente em muitos dos episódios que passarei a descrever.
Em outros, mesmo tendo o azar de estar ausente, pelos testemunhos de colegas e amigos, não podia deixá-los de parte desta 8ªmaravilha da parvoíce de alguns chefes!

A época das cerejas

Numa reunião de vendas, o Glorioso Presidente de determinada empresa resolve questionar o Director de um departamento referindo-se da seguinte forma:
- HHH disse há uns meses atrás que estava a semear para colher mais tarde. Pois digo-vos hoje que estamos na época da colheita! Temos que vender mais! (Isto depois dos resultados terem subido para o dobro!).
A resposta foi rápida:
- Sr. Doutor, como sabe estamos na Primavera, e nesta estação um dos frutos principais é a cereja! Portanto, estamos agora a colher cerejas para mais tarde, no Verão, colher Melancias…
Responde o Presidente:
- Aqui na KKK ninguém gosta de cerejas!
Termina HHH:
- Mas há quem goste!

Os Bravos do Pelotão

Também durante uma reunião de vendas, o Director Comercial compara os resultados e as consequências dos mesmos com o período vivido nos Comandos:
- Quando estava nos Comandos, quem não atingia resultados, tinha de dar voltas ao campo de jogos com a G3 em cima da cabeça, gritando “Eu sou uma merda! Eu sou uma merda!”
FFF coloca a seguinte questão:
- Sr. engenheiro, quantas voltas deu ao campo na sua época?

O Almoço Pimba

O Gerente convidou um colaborador recente na agência para almoçar! O colaborador tinha um grande respeito pelo Gerente e não estava muito à vontade por se tratar do seu chefe!
Quando tiveram de fazer o pedido diz o Gerente para o empregado de mesa:
- Quero uma omeleta com uma salada de tomate! Ah! Com muito azeite porque eu sou muito azeiteiro…

Salada ou gravatas?

O Director de um departamento chega junto de três colegas gestores de zona, e um deles ao ver uma garrida gravata verde, pergunta-lhe:
- JJJ, hoje traz a alface ao pescoço?
E obtém de imediato a resposta:
- E os tomates…

A Viagem Precoce

Com a chegada de um novo Director, os colaboradores são “convidados” a permanentes viagens para Norte com início às 5:30!
Numa dessas viagens, o referido director vira-se para o seu colaborador e questiona-o:
- Se quiseres dormir, podes ir para o banco de trás!
Responde-lhe o colaborador.
- Não, vai antes tu que eu conduzo, e como és pequenino até podes deitar-te ao comprido no banco!

No WC

No WC de uma sede de uma grande Instituição, era habitual um colaborador ser interrompido durante as suas necessidades com alguém a bater à porta questionado:
- Tem papel?
Claro que a resposta era sempre a mesma:
- Sim! (Se fosse não, será que a empregada passava o papel higiénico debaixo da porta?)
Mas estava um desses colegas (HHH) no WC quando entra outro colega (hhh) à conversa com um outro presumível colega! HHH mandou-os calar, não se identificando, e os dois no exterior permaneceram calados! Quando HHH sai para com eles gozar de os ter assustado repara que hhh estava com o chefe…
Sai a correr do WC sem ser identificado, ao que o chefe comenta com hhh:
- Como é possível alguém sair do WC sem lavar as mãos?

A culpa era do Vinho

Durante um almoço de negócios entre um Director de uma multinacional e um concessionário da marca:
- Então, Sr. Doutor! Podemos contar com o apoio que referia?
- Sr. Engenheiro, não ligue porque já não sou eu a falar, é o vinho!
(Apenas aguentava dois copos de vinho!)

Passou bem?

No corredor, o chefe cumprimenta a colaboradora com um aperto de mão, e continuam a falar. Depois de presenciar o cumprimento, outro colega chega perto deles e dá um beijinho à colega! Para não ficar mal, o chefe diz:
- Já agora!
E dá também um beijinho à colaboradora. Ao que o colaborador responde:
- Então! Primeiro dá-lhe o bacalhau e depois um beijinho?

Aprender com vacas…

No dia em que têm conhecimento da sua colocação como gerente num novo balcão, hhh é convidado pelo chefe para ir consigo de automóvel para uma acção de formação. Logo hhh julgou tratar-se de um momento escolhido pelo chefe para consigo falar dos desafios e objectivos inerentes à nova função!
Mas não! O chefe descreveu na viagem o nº de vacas que tinha na sua fazenda e os trabalhos de fim-de-semana ligados à sua actividade agrónoma…

Eu sou forte!

O chefe comentava com o seu colaborador que após ter despedido o antigo director, teve a coragem de levá-lo à paragem de táxis mais próxima. Ao deixar o antigo director na paragem foi confrontado com a seguinte despedida:
- Ainda havemos de nos encontrar por ai!
Mas o chefe não tinha medo e assim comentou a despedida com o seu colaborador:
- Se ele tentasse me bater, eu venceria pelo cansaço, porque sou bem mais novo do que ele!

O Nostálico 14

As curvas da “Estrada de Sabóia” fizeram o Nostálico perder o último JM, mas encontrou novamente o caminho, e regressa, julga ele, com uma questão interessante!

Decorria o ano de 1987 quando, num almoço de encerramento desse ano lectivo com a presença dos alunos das duas turmas do 9ºano, fui confrontado com uma resposta de uma colega que me deixou algo intrigado!
No final do almoço dizia-lhe eu que no futuro seria interessante reunir todos aqueles alunos, de preferência em Monchique, novamente na estrada da Fóia, para um almoço comemorativo.
A resposta dela foi directa e breve:
- Todos nós? Nem sonhes! Vamos seguir agora vidas diferentes. Alguns de nós vamos para duas diferentes escolas em Portimão, outros seguirão para outras escolas e muitos não pretendem dar continuidade aos seus estudos.
Embora intrigado, continuei a reforçar que seria possível reunir todos aqueles em futuros eventos!

Passados que são mais de vinte anos, de certa forma, dou-lhe hoje razão e aproveito para introduzir um tema que está, na minha opinião, indirectamente ligado ao envelhecimento do nosso concelho.
Obviamente que muitos outros motivos serão tão ou mais importantes do que este, mas queria partilhar com os leitores do JM alguns sentimentos que existiam em alguns alunos do 9ºano em 1987, e que, provavelmente, ainda perseguem alguns dos alunos Monchiquenses de hoje.

Voltando ao famigerado almoço, recordo-me de alguma revolta que sentia nessa época por ser “obrigado” a continuar os meus estudos em Portimão! Porque razão tinha eu de fazer cinquenta quilómetros diários para ir à escola?
E na mente de um adolescente de quinze anos ficava a certeza que era uma injustiça, a impossibilidade de concluir o ensino secundário no seu Concelho!
E quantos alunos do 10º, 11º e 12ºano são “alvos” fáceis de insucesso escolar, porque simplesmente não se adaptam à mudança e/ou porque o custo associado à conclusão desses três anos é muito superior ao custo enquanto alunos em Monchique?

Com este texto não pretendo criticar, apenas alertar, porque o êxodo dos jovens do concelho de Monchique para os concelhos no litoral, também se deve muito ao facto da não existência de 12ºano em Monchique (mesmo que com apenas uma ou duas áreas), ou no limite de uma escola profissional ligada a sectores de actividade actuais e com futuro na nossa terra, que permitissem a quem os concluísse, a possível continuidade da sua vida pessoal e profissional na terra que os viu nascer!
Porque mesmo para aqueles que não seguem estudos universitários, e para outros que, por diversas razões, decidem não concluir o 12ºano, se estiverem “habituados” a outras localidades, não necessariamente Portimão, não será porventura em Monchique que decidirão iniciar a sua actividade profissional.

Ainda este ano encontrei dois jovens Monchiquenses em dois diferentes concelhos do litoral, e á minha questão:
- Então! Saíste de Monchique?
A resposta foi exactamente a mesma:
- Era inevitável…

Mais uma vez reforço a ideia que o êxodo dos jovens no nosso concelho não se deve apenas à questão escolar, mas contribui de certeza absoluta!

Imagino o referido almoço de 1987 com alunos que permaneceriam na escola local para terminar o 12ºano, outros que dariam preferência à entrada na imaginária Escola Profissional de Monchique para formação na área de turismo, agrícola, florestal ou outra qualquer…
Numa sala ao lado, no mesmo Restaurante, estariam os “veteranos” do 12ºano da escola de Monchique a fazer o almoço de despedida de alguns que iriam para a Universidade (quiçá no pólo em Monchique da Universidade do Algarve para agronomia e energias renováveis!) e outros que dariam inicio à sua carreira profissional.
Percebem a diferença? É utopia? Ok, fiquemos com a dúvida…

Antes de sair a 80km/hora, gostava de vos questionar se serei o único a reparar que o autódromo internacional do Algarve fica a apenas alguns metros da fronteira com a freguesia de Marmelete, e que se a candidatura Luso-Espanhola conseguir a realização de um Mundial de Futebol, o estádio do Algarve apenas necessita que preencham as extremidades com bancadas para chegar aos 40.000 lugares, e assim impedir que os jogos em solo Português apenas se realizem em Lisboa e Porto?

Um cumprimento especial para os alunos do 9ºano no ano lectivo 1986/87 da então denominada escola C+S de Monchique, e para todos os leitores da JM com votos de uma boa Páscoa e muitos folares…