sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Nostálico 12

Caros leitores,
Cantemos:
“Parabéns ao Nostálico, neste 1º aniversário, muitas “alembraduras”, nesta edição tão especial!”
A descoberta de um pseudo-jornal escolar de 1987, originou doze edições deste espaço no Jornal de Monchique. Enfim, tem um sabor especial escrever hoje estas linhas…

A minha filha mais velha entrou este ano na escola primária, ou melhor no 1ºciclo do ensino básico!
Este facto não me leva a escrever sobre as greves dos professores, sobre o sindicalista Super Mário, sobre os ovos da Ministra (até porque fazem bastante falta nesta época de festas! Os ovos, obviamente!), sobre as faltas dos professores (das faltas dos deputados falarei um pouco mais à frente!) ou sobre a avaliação dos professores (afinal a razão de tanta confusão!), mas sim sobre as recordações dos anos passados na Escola Primária de São Roque!
Ainda não sei se éramos nós, Pais, ou ela que estávamos mais ansiosos! Até as irmãs gémeas estavam ansiosas, porque entenderam que também queriam levar a “mana” à Escola, e assim chegaram “ligeiramente” atrasadas à creche da mui nobre aldeia da Atalaia…
A nossa pequenita entrava na escola, e eu lembrei-me de São Roque!

Não me esqueço do meu primeiro dia de aulas no início de Outubro de 1978, estava num estado de ansiedade nunca vivido antes e o caminho entre a Rua Serpa Pinto e a Escola de São Roque foi fantástico, porque parecia uma “procissão” de mães levando os seus filhos à Escola.
Depois do 1ºdia, aulas de meio-dia, jogos de futebol no campo de terra batida, jogos nos sobreiros na encosta para o vale, onde hoje existem habitações e a curiosidade de amizades conquistadas com 6 ou 7 anos de idade que ainda hoje perduram…
Também existia uma rivalidade “saudável”, digo eu, entre a escola de São Pedro e a escola de São Roque, que na opinião dos alunos da escola de São Roque era injusta porque o edifício da nossa escola tinha duas salas e na escola de São Pedro existiam quatro salas! Curioso que ganhei esta minha costela de Sulista (mas não elitista, e nem por isso demasiado liberal!), porque via a Escola de São Pedro e sua área envolvente como o “Norte” e a nossa Escola como “Sul”. Atenção leitores da Meia-Viana e Nave porque nunca vos considerei de África! (Mas que raio! Agora compreendo porque mesmo sabendo que a guerra da secessão foi ganha pela União nos Estados Unidos, ainda assim parecia que “puxava” pela Confederação, apenas por ser Sul na série de grande sucesso dos anos 80, Norte e Sul! Analogia mal conseguida, até porque retratou uma das consequências mais nobres da história mundial, a abolição do regime esclavagista!).
Escusado será dizer que a partir do antigo 1ºano do ciclo preparatório, tornei-me um Monchiquense dos “sete costados”, e até ser “obrigado” a concluir os estudos em Portimão, via esta localidade como o “norte” (mesmo que geograficamente fique mais a Sul)! Em Portimão passei a ser um defensor do Barlavento Algarvio, onde se insere Monchique, mas nunca esquecendo que, infelizmente, os laços entre o nosso concelho e o Alentejo têm se perdido nos últimos anos! Ainda fui na “camioneta da carreira” de Sabóia, na nossa “route 66” (na próxima edição voltarei ao tema estrada de Sabóia!), para uma viagem de comboio com destino ao Barreiro.
E as feiras do 1º de Maio na aldeia do Viradouro, localizada entre a Nave Redonda e a Estação de Sabóia? E os bailes na Nave Redonda, ou os concertos do grande Clemente e José Malhoa patrocinados pela Rádio Fóia (como disse um velho amigo num programa desta rádio: “Rádio Fóia, a rádio mais alta de Monchique! Nã, nã, nã, nã, do Algarve!”)? E os jogos de futebol de 11 entre a Nave Redonda e Santa Clara, recheada de jogadores de Monchique (Parabéns ao JDM pelo aniversário e pela nova atitude, ainda que talvez um pouco atrasada na aposta nos valores de Monchique)? Neste momento até mesmo da “água ferrosa” da Fonte da Amoreira eu tenho saudades…

Para terminar, e voltando à questão das faltas dos deputados da Nação, é um absurdo não saírem severamente penalizados os deputados faltosos sem justificação de faltas! Compreendo de alguma forma todos aqueles que contribuem para os elevados números de abstenção nas diferentes eleições dos últimos anos.
Mas está mal! Devemos votar e mostrar o devido “cartão amarelo”, assim como vos convido a entrar na página da Internet da Câmara Municipal de Monchique, nas actas publicadas, para, por exemplo, verificarem a quantidade de deputados municipais que faltam às assembleias municipais sem justificação e sem designação de substituto!
Mas também vos garanto que não vou propor aqui neste espaço, seis meses de ditadura no nosso Concelho!

Proponho que acedam ao site do grupo musical da terra, Café Jójó (Dá-lhe primo Fernando Mário, outra vez!).

Com os desejos de um Santo Natal e um óptimo ano novo, saio agora a 20km/h (porque o Trenó não dá mais…).
Humberto Sério

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Nostálico 11

Sem pretensões nas eventuais analogias ou relações que possam suceder com a leitura das próximas linhas, a verdade é que durante muito tempo, e salvo raras excepções, apenas no JM podia encontrar conforto com notícias relacionadas com a minha terra!
Durante esta semana, pelo contrário, foi um corrupio de notícias relacionadas com o nosso concelho na imprensa escrita Nacional!
E não se tratava de uma eventual eliminatória da taça de Portugal entre os Gloriosos JDM e SLB no campo dos sobreiros (não posso deixar passar o assunto SLB sem dar os parabéns aos Benfiquistas de Monchique pela zona de protecção especial em Monchique para a Águia de Bonelli, vulgo “Perdigueira”! Uma pequena provocação: Onde existem em Monchique zonas de protecção para lagartos? Ou zonas de protecção para Godzillas? Sim! Godzillas. Mais depressa se encontra uma Godzilla que um dragão!), nem de “quando o Presidente da Republica visitou Monchique”, nem da inauguração da “nova” unidade hoteleira histórica no velho convento, nem da entrega de prémios no recinto dos BVM, nem tão pouco da passagem do concelho a “Sultanato”!

No jornal Expresso foi publicada uma notícia sobre o sucesso que é a construção do “resort” nas Caldas de Monchique, onde tudo é pensado em função do “equilíbrio do corpo, da mente e do espírito”! Lindo! Com sorte, Richard Gere e outros Budistas do Novo Continente optarão rapidamente por um “salto” sobre o oceano Atlântico, esquecendo as montanhas do Tibete!
Mais a sério, obviamente que se trata de um projecto que pode deixar a nós, Monchiquenses, cheios de orgulho, mais não seja por ter recebido um prestigiado prémio em Londres.
Aliás, o facto de incluir uma sala de cinema poderá facilmente fazer-nos esquecer as gloriosas sessões de cinema na Casa do Povo, e mais recentemente no novo quartel dos bombeiros (Ahhhh! E que grandes saudades dos bailaricos no antigo quartel dos BVM no Largo dos Chorões!).
Imaginem!
- Extra! Extra! Antestreia do novo filme de Richard Gere, “Sete Anos na Picota”, na nova sala de cinema do “Resort” das Caldas de Monchique, com a presença do notável actor! Patrocínio exclusivo da “Lancia” (Compadre Artur, prepara-te para a rodagem de um anúncio nos caminhos da Cerca da Rita!).

Outra noticia que me deixou orgulhoso por ser Monchiquense, foi a reportagem na revista “Exame” sobre o “Engarrafamento termal nas Caldas de Monchique”!
Que espectáculo! Os casinos e “casas de diversão” em Macau e Hong Kong terão nas suas mesas as sensuais garrafas de água “Chic”!
Imaginem o que seria se acontecesse o mesmo que recentemente sucedeu em Itália com Vinho a sair nas torneiras das casas de uma localidade Italiana! Ou seja, por um pequeno “lapso”, a “low-cost” das águas “Premium” seria engarrafada com uma também miraculosa aguardente de medronho.
Não duvido que os Chineses passariam a rir muito mais, passando a competir directamente com os idosos do norte da Europa pela aquisição dos apartamentos de relaxamento espiritual dos vales das caldas de Monchique, e/ou junto do possível novo campo de golfe de altitude nas termas da Fornalha!

As duas referidas noticias são simplesmente motivadoras, e piadas à parte, que sejam sinónimo de muitas mais noticias potenciadoras de optimismo para inverter a tendência de, década após década, envelhecimento e diminuição da população no concelho de Monchique.

Despeço-me de olhos fechados, desta vez lentamente e não a 80km/hora, imaginando a paisagem do litoral algarvio visto das Caldas de Monchique, com o corpo, mente e espírito equilibrado bebendo uma garrafa sensual de “Chic”.