sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Nostálico 10

Quando frequentava a antiga 3ªclasse do ensino primário na saudosa escola primária de São Roque na turma da Professora Graça Batalim que muito marcou pela positiva aquele conjunto de crianças, respondi “Presidente da Republica” à pergunta sobre o queria ser quando fosse grande (embora a questão possa ter ocorrido numa aula da também saudosa Professora Cidália Duarte).
Mais tarde, no início da adolescência, e derivado em parte por dever o meu nome ao capitão do Glorioso SLB dos anos 70, Humberto Coelho (pela anuência dos meus Pais ao pedido do meu irmão), ansiava por ser um dia jogador profissional de Futebol! Ainda ambicionei ser Piloto de Aviões, fruto do sucesso filmatográfico dos anos 80, Top Gun – Ases Indomáveis. E, ainda antes de optar pela área de gestão, estive quase, mas mesmo quase, a optar pela área de História, na vertente de Arquelogia, sem qualquer tipo de influência do “Indiana Jones”!
Pela falta de dotes futebolísticos, pela impossibilidade de um dia “chatear” um “Sócrates” qualquer e pela falta de um dente do siso, era a arqueologia a única via capaz de me impedir de fazer aquilo que faço hoje em dia.
E opto por fazer esta introdução no Nostálico precisamente porque veio à memória um assunto relacionado com a Arqueologia e com Monchique.

Há poucos dias desfolhando um pequeno livro sobre a origem e o significado do nome dalgumas terras do nosso Pais, além de Marmelete, também é referenciada a aldeia do Alferce, nomeadamente o Posto de Vigia árabe da Pedra Branca.
Nos fantásticos momentos vividos como escuteiro no agrupamento de Monchique do CNE, recordo-me de uma actividade na freguesia do Alferce onde durante uma caminhada o Chefe José Carlos mostrou os vestígios e ruínas da antiga fortificação árabe num monte situado o lugar da Pedra Branca.
Pela minha paixão pela arqueologia e por Monchique, resolvi concorrer ao “Descobre a Tua Terra” de 1990, com um texto centrado precisamente no referido monumento.
Graças a esse posto de vigia árabe devo 10 dias maravilhosos a bordo do paquete Russo “Dimitri Shostakovich”, representando Monchique numa tripulação de centenas de jovens de todo o Pais.
Importa referir que o Posto de Vigia não foi suficiente para arrebatar o 1ºprémio, tendo a viagem a Macau ficado para outro concorrente de Monchique.

Passados que são actualmente dezoito anos desde o concurso volto, através do Nostálico, ao assunto Posto de Vigia Árabe da Pedra Branca!
Não tenho conhecimento de mais algum vestígio árabe no nosso concelho, e vejo nestas ruínas mais uma forma de divulgarmos Monchique, e em particular o Alferce.
Como sabem, por muito menos se divulgam locais e zonas do nosso Pais!
É obvio que, encontrando-se o nosso ex-libris nas condições em que se encontra, o Convento, falar agora de uma esquecida fortificação árabe, ou melhor, o que dela resta, talvez pareça algo presunçoso, mas ao Nostálico tudo é perdoado, e nada como colocar na mesma lista de prioridades culturais do nosso concelho o Convento e o posto de vigia árabe da Pedra Branca!

E com alguma imaginação, recriar junto do local momentos árabes, momentos da reconquista cristã, momentos que, imaginem, possam ter sido passados na nossa serra, as eventuais “Astúrias Algarvias”, onde os bravos descendentes de D. Afonso Henriques se refugiavam para reunir de novo forças para a reconquista de importantes praças Algarvias daquela época, como Silves ou Alvor!
Não! Por favor não divulguem esta ideia ao Mel Gibson, porque já chega o Braveheart e a Paixão de Cristo para derrame de sangue, e em Monchique se houver algum liquido para derramar que seja aguardente de Medronho (desde que não seja no chão!) …

Durante as minhas férias em Monchique ouvi por diversas vezes a tese de que Monchique, perdendo o Tribunal, perdendo outros organismos públicos para concelhos mais próximos, seria num determinado espaço de tempo absorvido por outros locais, havendo até quem já tivesse realizado a presumível “distribuição”:
Monchique para Portimão, Alferce para Silves e Marmelete para Aljezur!
Meu caros, antes dos jogos de futebol do campeonato distrital de juniores realizados na casa de equipas do litoral algarvio, o Professor Helder Carneiro dizia:
“- Vocês são da serra, são diferentes desta malta, e não se esqueçam que eles ainda vão jogar lá em cima!”
Nem quero acreditar em teses destrutivas, quero antes acreditar que mais facilmente nos tornaríamos no Liechtenstein ou San Marino de Portugal…

E despeço-me rapidamente antes que a imaginação passe pela eventual história dos “Rainiers” de Monchique!
A 80 km/hora, com um forte abraço para o meu amigo Sr. Raul Amado, ex-colega da também saudosa Fiat Portugal, pelas palavras amáveis na anterior edição do JM.
Até breve!

O Nostálico 9

Escrever esta edição com a paisagem da Picota à minha frente transforma estas linhas em algo de especial, por serem as primeiras, sob a forma de Nostálico, escritas na minha terra.
Férias! Logo que chega o 1ºdia de férias, a placa em Lisboa com indicação do Algarve torna-se no “monumento” mais importante da Capital, e facilmente são esquecidos os pastéis de Belém, os jogos do Glorioso Benfica na Catedral da Luz (temos equipa e com um optimismo saudável, pedindo as devidas desculpas aos meus amigos lagartos e aos poucos amigos tripeiros, podemos encomendar as faixas de campeões!), as pataniscas do Painel de Alcântara e as lamejinhas de Alcochete.
Enfim, férias são férias, conjugadas com um período de permanência em Monchique, umas idas à praia e rever bons velhos amigos é como retemperar todas as forças para o último terço do ano, objectivos para cumprir e planeamento de 2009.

Esta época do ano também serve para pôr a leitura em dia, e alguns dos livros que me fizeram companhia nos últimos tempos levaram-me a relacioná-los com Monchique, sentido necessidade de utilizar o Nostálico para convosco partilhar esses pensamentos/ideias.

Desde sempre que a leitura de um livro desperta em mim uma vontade enorme em viajar e conhecer pessoalmente alguns dos locais referenciados nessas obras.
Ainda no início das férias, após leitura do “Comboio Nocturno para Lisboa”, fiquei com curiosidade por visitar Berna, na Suíça, e alguns locais em Lisboa, que por muito estranho que possa parecer, ainda tem a faculdade de, após 17 anos a viver junto daquela cidade, “esconder” locais do nosso conhecimento.

A leitura do livro “Equador” de Miguel Sousa Tavares (com quem apenas discordo totalmente na defesa que faz do clube de futebol das Antas, esse clube dirigido pelo Papa Português, e que não se livrará de ser para sempre considerado, nos anais da história desportiva, e não só, como um clube corrupto!), prometi a mim mesmo que tudo faria para um dia deslocar-me a São Tomé e Príncipe (com alguma sorte ainda poderia encontrar um “Sebastião” qualquer capaz de mostrar os locais mais ocultos daquele arquipélago!).

Mas o que mais me deixou a pensar em como um livro (de preferência Best-seller!) pode ajudar na promoção de um local, vila, região e até mesmo de um pais, foi o livro “Anjos e Demónios” de Dan Brown, que por razões profissionais permitiu-me a sua leitura na semana que antecedeu uma viagem a Roma.
Não existe nada mais fantástico que passar pelos locais da acção de um livro.
Comparar Roma com Monchique é impossível, porque naturalmente que a cidade de Rómulo e Remo tem muito menos interesse que a Vila de Mons Cicus, o Coliseu de Roma é menos interessante que o Convento de Monchique, a Via Veneto é inferior ao Porto Fundo, o fórum romano mais pobre que o Mirante, e é escusado falar nos Imperadores Romanos, nomeadamente Júlio César, ou até mesmo no “Duce” Mussolini!

O que eu não daria para ler um romance com acção vivida em Monchique, que incluísse perseguições no seu centro histórico (Ainda espero vê-lo sem circulação automóvel!), entre as ruas e ruelas da nossa majestosa vila, encontros secretos no tanque do povo, jantares palacianos no “castelo” e porque não, encontros casuais no meio dos sobejamente conhecidos sobreiros junto do Campo de Futebol do Glorioso JDM, vulgo Campo da Bola?
A acção do romance também poderia contemplar, à imagem da referida obra “Anjos e Demónios, passagens por Ayamonte (para se vender nos Estados Unidos de Castela e Leão! Como sabem, os Castelhanos sem uma referência à sua terra pouco ligariam a este best-seller, ou não fossem eles capazes de dizer que Di Stefano foi o melhor jogador de futebol do mundo, e dos melhores de Espanha!), Mossoró (insisto, merece uma deslocação a esta linda cidade do nordeste brasileiro, provocando na história algo de novo na vida quotidiana de Monchique, que seria a inclusão de uma personagem brasileira), Marioila (referenciado como o local da Máfia Monchiquense!), Nave Redonda (para reforçar a imagem da estrada de Sabóia como a nossa “Route 66”), futuro parque solar fotovoltaico de Monchique (Tenho fé! Tal como na futura casa do Benfica! Se o clube de futebol das Antas tem uma casa em Portimão, porque não uma casa do Glorioso no nosso concelho?) e Autódromo Internacional do Algarve (Ora! Ai está um empreendimento que pode, a par desta presumível obra, catapultar Monchique para os “circuitos mundiais”!).

Nunca se sabe, e desde que a obra fosse um sucesso, imaginem a quantidade de curiosos que começariam a procurar Monchique e seus locais na obra referenciados!
Um amigo disse-me que o Nostálico seria um passo para um Blog e para um futuro livro! Sobre o Blog, está fora de questão, porque não gosto desse universo, mas sobre um futuro livro ai está uma ideia para concretizar. Obviamente que seria necessário mais tempo, mais qualidade literária e uns apoios financeiros da Perfeitura de Mossoró, da FIA, do Glorioso SLB e da Apisolar.

Mais importante que tudo é aproveitar as férias para os motivos que invoquei no início, e se me permitirem, aproveitando os ventos de feição, despeço-me dos estimados leitores a 80 nós…

O Nostálico 8

É com enorme prazer que o Nostálico deseja uns merecidos parabéns ao Jornal de Monchique pela sua 300ªedição!
No entanto, desculpem não termos o poder para trazer de volta a Marilyn Monroe para cantar os parabéns à 300ªedição do JM, como tão bem fez ao presidente dos EUA, JFKennedy, nos anos 60!
Talvez se consiga algo no próximo evento das maravilhas de Monchique, dos 10 mais famosos de Monchique ou na cerimónia de entrega das bandeiras azuis para as praias de Monchique com a presença da Ana Malhoa ou da Floribella, que podem muito bem substituir a Marilyn na hora da cantoria! E que crescidas que elas estão…

Obviamente que também é um enorme prazer incluir a 8ªedição do Nostálico neste número do JM, devendo fazer uma referência ao 1ºartigo escrito pelo autor destes textos e pelo seu amigo Marco Águas, publicado numa edição do JM em 1988!
Tratava-se de um caso policiário, mais ou menos “copiado” de um outro muito semelhante publicado na revista das Selecções dos Readers Digest, ao nível daqueles grandes desafios que eram os casos policiários do famigerado Diário Popular dos sábados à tarde, escritos pelo grande Inspector Artur Varatojo.
Sobre a dita “cópia”, verdade seja dita, para dois adolescentes com 15 anos, até que não estava nada mal!
Por falar em casos policiários, quando a inspiração começar a falhar, daremos início à escrita de inúmeras aventuras da Brigada Juvenil Monchiquense (extinta nos anos 90 por falta de subsídios), responsável pela investigação de alguns “casos policiários” dos anos 80 em Monchique, como foi exemplo o assalto à Roloute abandonada no Penedo do Buraco, ou o estudo e decifração da documentação encontrada na cabana do Montinho nas Caldas! A BJ era constituída pelos bravos Inspectores MacWater, FireFox (o ausente!), Inspector Ruivinho, Inspector Sabão, Inspector Silêncio, Henry Bomb e Danger Inspector!
Faltou uma música ao nível de:
- “We are the famous Five, Julian, Dick and Anne, George and Timmy the dog…”;
Ou melhor:
- “We are the famous BJ, Sabão, Silêncio, Water, Ruivinho, Danger and Henry the Bomb…” (Ah! E o Firefox, que faltava sempre!)

Terminamos o último Nostálico com uma referência a Mossoró!
A vila de Monchique é geminada com alguma outra localidade?
Julgo que não!
Existe algum critério particular para uma geminação entre diferentes localidades de diferentes países?
Não faço a mínima ideia se estas questões têm respostas óbvias, mas sei que geminar Monchique com uma localidade como Mossoró poderia ser interessante!
Mossoró é a 2ªcidade do estado do Rio Grande do Norte no Brasil.
A capital deste estado, Natal, fica junto à costa. Aliás, coincidência ou não, próxima da capital, fica uma pequena praia junto da foz de um bonito rio, designada por Prainha!
Quando descemos à pequena praia, deparamo-nos com um bar de madeira, de seu nome Caniço! É gerido por um brasileiro e uma portuguesa que se conheceram no “irmão” Caniço-Bar localizado na Prainha, em Alvor.

Mossoró fica no interior, e é conhecida também pelo Hotel Thermas e pelas piscinas naturais com diferentes temperaturas. Desde as mais elevadas, capazes de nos deixar preparados para vibrar com um jogo do Glorioso Benfica, até a temperaturas mais reduzidas, mas sempre quentes…
São apenas algumas coincidências que reforçam a potencial mais-valia entre a geminação de Monchique com Mossoró. Não concordam?

Se existem autarcas do Algarve que levam os munícipes a tratamentos aos olhos em Cuba, poderia ser interessante o intercâmbio de utilizadores de termas entre as nossas Caldas e as Thermas de Mossoró!
Não sendo possível a geminação com Monchique, sugerimos a Mossoró o local do mui nobre sítio da Marioila…

Para terminar, de nada valeu a boa exibição contra os turcos e contra a Republica Checa, porque faltou ambição à nossa selecção no momento de verdade contra os Alemães, com Scolari mais preocupado em fazer render o seu jogador Paulo Ferreira e o Ronaldo mais preocupado em ficar na próxima temporada próximo da sua Nereida em Madrid!
Assim, tivemos de assistir à vitória da Selecção dos Estados Unidos de Castela e Leão num Europeu de Futebol de má memória…

Para terminar e conjugando algumas referências desta edição, sugiro uma comemoração de qualquer coisa, ou até mesmo o próximo encontro de Portaro, nas Thermas de Mossoró com a presença da Nereida e da Floribella, retirando-me a 80km à hora, sem grandes ultrapassagens (é usual encontrar-se no Rio Grande do Norte a seguinte placa de trânsito: “Na dúvida, não ultrapasse!”). Bem hajam.

O Nostálico 7

À porta de mais uma época balnear, veio-me à memória um curioso episódio ocorrido no inicio da década de 90 em Monchique relacionado com a selecção de praias a nível nacional com direito a hastearem a Bandeira Azul, símbolo de qualidade de uma praia ou marina.
Segundo sei, alguém se lembrou de enviar para a nossa autarquia o formulário para candidatura das “praias” do nosso concelho a tão conceituado galardão!
O reconhecimento é óbvio, e ao mesmo tempo divertido, quando recordo com satisfação a decisão do edil Monchiquense em enviar algumas “praias” do nosso concelho a concurso.
Devo dizer que, mesmo se tratando de uma situação caricata, deu-me algum prazer ouvir alguns amigos de outros locais do Algarve se referirem a este episódio com elogios ao fair-play da nossa autarquia na abordagem ao complicado desafio.
Infelizmente, não foi possível o prazer de visualizarmos bandeiras azuis nas “praias” da Ribeira do Ambrósio e Barragem da Foia!
(Faltou a imaginação de nos candidatarmos com a Marina! Nunca se sabe, com o degelo total dos glaciares, facilmente se encontrará uma marina no Vale de Boi, mesmo ao lado do molhe e praia da ribeira das canas!)

Durante os anos 80 era quase um insulto para os mais novos a referência ou a “colagem” à Ribeira do Ambrósio.
A imagem de algo feio, poluente e malcheiroso era facilmente associada à Ribeira do Ambrósio!
Nada mais falso!
O Nostálico declara a necessidade do reconhecimento que este curso de água merece na vida passada, presente e futura da mui nobre Vila de Monchique!
O Tejo em Lisboa passa também por Toledo! O Douro no Porto passa também por Zamora! O Guadiana em Vila Real de Santo António passa também por Badajoz! O Arade em Portimão passa também por Silves! E até o Amazonas em Manaus passa por Santarém e Óbidos! O quê? Ah! Não é Santarém dos Campinos, nem Óbidos do chocolate…
E a Ribeira do Ambrósio? Por onde passa?
- Passa por Monchique! E mai nada…
“A César o que é de César, e a Ambrósio o que é de Ambrósio!”
Ou melhor, para quando referências tipo:
“Monchique, essa bela localidade banhada pela imponente Ribeira do Ambrósio!”, ou;
“Monchique e seu Convento Altaneiro entre as margens da límpida Ribeira do Ambrósio!”.

Por falar em Convento, já começa a faltar uma pintura renovada da fachada do Monumento?
Sim, porque vê-se perfeitamente que tirando a pintura do nosso Convento, nada mais se pode notar no que concerne à manutenção do nosso principal Monumento! Eh!Eh!Eh!
Pssst! Não façam barulho, pode o Pedro da Silva acordar com pesadelos no seu longo sono de alguns séculos…

Voltando à Ribeira do Ambrósio e à sua importância no desenvolvimento económico do nosso concelho, podem acreditar estimados leitores que o grande erro de Pedro da Silva ao imaginar um Convento na encosta onde se encontra actualmente, foi a falta de “alembradura” em erigir tão imponente construção nas margens da Ribeira do Ambrósio!
Garantidamente que ainda hoje poderíamos apenas ter a preocupação da referida pintura!
Alguns jovens Monchiquenses inseridos no programa “tempos livres” de 1987, tiveram o prazer de, durante a pintura das paredes do convento com cal, assistir à encenação de uma peça de teatro digna das melhores salas da “Broadway”, quando um desses jovens “viu” a sua t-shirt banhada no balde de cal, e um outro, todo ele pintado de branco, se deslocava num andar muito característico a caminho da fonte dos passarinhos para um merecido “banho”!
Na Broadway: “Aquarium!”
No Convento: “CALarium!”

Antecipo pela 1ªvez a próxima edição do Nostálico com uma proposta de geminação de Monchique com…
…Mossoró!
Vruummm! A 80 km/hora com os cabelos ao vento a caminho de uma boa praia, despeço-me mais uma vez com um até já!

O Nostálico 6

Quando for publicada esta edição do Nostálico estaremos a poucas semanas do Euro 2008 na Suíça/Áustria, e também pós comemorações do 25 de Abril de 1974.
Por isso, dedicarei esta edição a esses dois momentos e de que forma eu me recordo da sua relação com Monchique.

Aproveitando a referência às comemorações do 25 de Abril, e na sequência do texto escrito numa das 1ªs edições do Nostálico sobre as corridas realizadas nos anos 80 que normalmente tinham como vencedor o “Zé Manel Lalá”, ocorreu uma situação caricata numa dessas corridas, quando na frente ia o Jorge Fernandes, mas por “alteração de última hora” do percurso protagonizada pela organização, permitiu ao 1º referido “encurtar” o percurso e vencer com menos uns metros percorridos relativamente a alguns dos que seguiam na sua frente!
Eu próprio recordo-me da corrida dos mais novos em que o vencedor encurtou “terreno”, virando antes das antigas bombas da Móbil, e não após as mesmas!
Nessa altura, fitas divisórias, só mesmo nas corridas de corta-mato das amendoeiras em flor!
A contestação não produziu efeitos e todos continuamos a celebrar Abril…
Enfim, se passados 34 anos do 25 de Abril a democracia em Portugal ainda é jovem e com algumas falhas, não se pode criticar a organização desses eventos nos anos 80 em Monchique, quando já se sabia que o “programa de festas” era “chapa 5”, ou seja:
- Banda do BVM; - Corridas no Largo dos Chorões; - Concerto de música popular Portuguesa e Jogo de futebol de solteiros vs casados no “campo da bola” do JDM.
Ah! E os foguetes! E também as corridas de sacos, que me permitiram obter uma bem guardada medalha entregue pelo Carlos Perpétuo!
Permitam-me também agradecer ao Carlos Gervásio, pelo excelente desenho do fundo do mar, que incluía mesmo um submarino e a assinatura do autor do Nostálico, permitindo a este último o recebimento de um prémio no concurso inter-escolas de desenho nas comemorações do 25 de Abril, assim como a outro colega que também o venceu, com um desenho da “Baribi” dos bombeiros “produzido” pelo mesmo autor.
Não fiquem tristes, caros leitores, porque o autor também recebeu um prémio pelo desenho assinado por si próprio.

Sobre as prestações da Selecção Nacional de futebol nas diversas fases finais do europeu ou mundial, e como me recordo delas na relação com Monchique, não será tarefa fácil. No entanto, recordo com saudade o jogo em Sheffield/Inglaterra, entre Portugal e Dinamarca no 1ºjogo da fase de grupos do Euro 96, e como a viagem entre Londres e Sheffield (transportados pelo nosso amigo de Monchique residente me Londres) me transformou num adepto incondicional da Selecção Nacional de Futebol, numa altura em que conseguimos bilhetes para o evento na semana anterior ao mesmo nas bilheteiras da antiga sede da FPF na Praça da Alegria (agora com alguma sorte conseguimos bilhetes para o jogo em Genebra contra a Turquia, depois de todos nós termos concorrido via internet para os jogos da Selecção Nacional!).
A febre de 1996 levou-nos a marcar um almoço no Porto Fundo no dia do Portugal-Républica Checa, jogo de má memória pelo chapéu de Karel Poborsky ao Vitor Baia…
Bem dizia o Fernando e o António Albino:
“Tira o cachecol de cima da televisão, que isso ainda dá Azar!”
Bem dito, bem feito!
E não é que no Euro 2000, o cachecol também estava em cima da televisão no jogo das meias-finais contra a França? Pois é! A mão do Abel Xavier adivinhou…

Mas se a loucura do Euro 2004 transformou o nosso Pais numa imensa claque (faço aqui um parêntesis para partilhar convosco a verdadeira loucura que foi assistir ao vivo ao jogo dos quartos-de-final do referido evento entre Portugal e Inglaterra, para mim e para muitos, o melhor jogo em termos de emoção alguma vez visto! Infelizmente, após o penalti falhado pelo Rui Costa, preferi descer as escadas da Catedral da Luz, não assistindo assim ao momento do Ricardo com e sem luvas!), loucura também existiu durante o ano de 1986, quando um conjunto de jovens de Monchique formou a 1ªclaque organizada, denominada “Juve Monchiquense” (OK, o Glorioso tem um palmarés bem maior que o seu vizinho verde, mas este tem a melhor claque de Portugal! E não ficava bem Diabos de Monchique! Não! Nunca foi sugerido o nome de “Super qualquer coisa”. Á data apenas existia em filme o Super-Homem! E não era o ex-namorado da Carolina!).
Antes de um decisivo Infante de Sagres - JDM, resolvemos organizar uma claque de apoio ao nosso clube, que lutava valentemente pela subida à 1ªdivisão distrital, nessa decisiva deslocação à Costa Vicentina!
A Direcção do clube apoiou-nos na deslocação, levávamos duas bandeiras do JDM, algumas canções previamente preparadas e muita vontade em apoiar os onze de Monchique (Sim! Todos eles eram mesmo de Monchique, todos eles resultado do trabalho da formação do clube).
Não quero exagerar, mas a claque era composta por cerca de 30 jovens, e estavam no campo do Infante de Sagres algumas dezenas de adeptos do JDM.
Se no campo desportivo, o jogo até nem correu mal, após empate a duas bolas e um penalti defendido pelo nosso guardião a poucos minutos do final da partida, no que diz respeito à claque, não posso escrever o mesmo, dado que a “malta” de Sagres não viu muita graça na situação, e “atacou” os elementos da Juve Monchiquense com cenouras!!!! Quem quiser acreditar, que acredite! Eram mesmo cenouras…
Pior do que isso foi o acto de Hooliganismo levado a cabo por alguns dos adeptos locais, que ao conseguirem roubar a bandeira mais antiga do JDM, incendiaram-na, tendo a mesma ardido na sua quase totalidade.
A claque ainda contribuiu para os resultados positivos do JDM nesse ano (1ºlugar do Barlavento), mas nem ela conseguiu levar de vencida a formação do Sotavento, a após uma derrota em São Brás, não conseguimos melhor que um empate a duas bolas no velhinho campo pelado do JDM.

A 80 km/hora, e com muita vontade de gritar pelo nome da minha pátria contra os Infiéis Turcos, despeço-me até breve…

Humberto Sério