Esta edição do Nostálico é sem
duvida aquela que mais me custa em escrever, porque se em todas as edições
anteriores existiu a tentativa de relatar episódios vividos na minha juventude
em Monchique, directa ou indirectamente, as mesmas também contaram, quase
sempre, com a presença do meu amigo Luis Pedro Carneiro.
Mesmo parecendo ainda um
pesadelo, o Luis Pedro deixou de estar fisicamente junto de todos nós no
passado dia 10 de Julho, e eu não podia deixar de fazer desta edição, não uma
homenagem, mas apenas o relato de um conjunto de situações/episódios que possam
sustentar o formidável ser humano que o Luis Pedro era.
Neste espaço fiz alusão inúmeras
vezes às matines na sociedade, pois era o Luis Pedro que as realizava no final
da década de 80, inicio da década de 90. Também quem não se recorda do Luis
Pedro no Videoclube, sempre disponível para nos reservar “aquele filme”?
Com o Luis Pedro, tive muito
orgulho em fazer parte de um grupo de jovens que marcaram positivamente o Corpo
Nacional de Escutas em Monchique, e também com ele “rivalizava” em programas da
Rádio Fóia. Devo confessar que o seu “Antárctica” teria muitas mais hipóteses
de sucesso no panorama radiofónico Nacional do que o “meu Floresta”.
Na escola C+S de Monchique, era
ele que assumia o controlo de uma serie de eventos organizados, muitas vezes
com pouco tempo disponível, durante o final de período e/ou ano lectivo. Não
posso esquecer a “discussão” com o Professor Pagarete sobre uma determinada
festa em que só a calma e bom senso do Luis Pedro nos permitiram viabilizá-la.
Durante aproximadamente oito anos
tive o prazer de dividir com ele, e mais dois amigos (em diferentes períodos, o
José Carlos Páscoa e o Luis Rosa), um apartamento em Lisboa, e se a amizade
existia antes como colegas de escola em Monchique e Portimão, e parceiros de
“aventuras” na adolescência Monchiquense, foi neste período que muito aprendi
com o nosso amigo Luis Pedro.
Considero-me um homem feliz por
ter privado com um amigo espectacular, sempre disponível e com um carácter
fantástico.
Numa última viagem para o
hospital, já no início de Julho, dizia-lhe no automóvel, já prestes a chegarmos
ao referido destino, que estávamos próximos da Rua Nina Marques Pereira, e ele
respondeu-me para não lhe lembrar bons tempos…
Sim, de facto, foram excelentes
tempos, em que muitas vezes conseguimos reunir dezenas de pessoas num
apartamento reduzido para festejar…qualquer coisa! As longas noites de estudo,
e as idas à padaria para comprar umas bolas de Berlim ainda quentes, e as
entradas imediatas, fruto da sua forma de estar, que parecia conhecer toda a
gente, à porta do Indochina, e ainda as noites de festa no “seu” ISG, são
inesquecíveis.
Recordo também um conjunto de
bons concertos ao vivo a que assistimos, principalmente aquele da sua
preferência, dos Pink Floyd em Alvalade, na companhia do Rui Patrício.
Desde 2001 que éramos vizinhos na
Atalaia, e escusado será dizer que a partir de agora, não será a mesma coisa! Li
algures um seu amigo escrever no “Facebook” que não devíamos adiar um
“cafezinho”! Pois, beber um cafezinho na Atalaia, não terá a mesma piada…
Não pretendo falar neste espaço
na forma nobre e determinada como ele lutou contra o “bicho”, como o actor
António Feio designou, nem louvar a forma inexcedível como a sua esposa Carla
lutou junto dele para levar de vencido o já referido “bicho”, mas não posso
deixar de fazer referência ao que o Luis Pedro representou na sua vida
profissional.
Na área da multimédia, o Luis
Pedro foi um dos pioneiros em Portugal, e eu recordo-me bem disso ainda no
final da década de 90, enquanto colaborador da “Radical Media”, desenvolvendo o
seu potencial mais tarde na empresa “Seara”. Não sou eu que o digo, mas sim os
seus ex-colegas e ou ex-colaboradores nesta área. Por aquilo que o Luis Pedro
representou, e pelo impulso que deu nesta área, e ainda pela sua sempre
estreita ligação a Monchique, ainda hoje ao passar junto de um espaço da nossa
terra, pensei para mim, que bem ficava o nome do Luis Pedro Carneiro ao lado do
Espaço Internet de Monchique. No que depender de mim, julgo fazer todo o
sentido!
Dedico este pequeno texto à sua
filha Beatriz, à sua esposa Carla, aos seus Pais e Irmã e restante família,
porque…sim.
Tal como na noite do seu velório
sugerimos que ficasse escrito na coroa de flores do CNE, despeço-me dizendo ao
meu amigo Luis Pedro que: “O nosso raide ainda não terminou…”. Até sempre
amigo!
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