sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Nostálico42 - Homenagem ao Luis Pedro Carneiro


Esta edição do Nostálico é sem duvida aquela que mais me custa em escrever, porque se em todas as edições anteriores existiu a tentativa de relatar episódios vividos na minha juventude em Monchique, directa ou indirectamente, as mesmas também contaram, quase sempre, com a presença do meu amigo Luis Pedro Carneiro.

Mesmo parecendo ainda um pesadelo, o Luis Pedro deixou de estar fisicamente junto de todos nós no passado dia 10 de Julho, e eu não podia deixar de fazer desta edição, não uma homenagem, mas apenas o relato de um conjunto de situações/episódios que possam sustentar o formidável ser humano que o Luis Pedro era.



Neste espaço fiz alusão inúmeras vezes às matines na sociedade, pois era o Luis Pedro que as realizava no final da década de 80, inicio da década de 90. Também quem não se recorda do Luis Pedro no Videoclube, sempre disponível para nos reservar “aquele filme”?

Com o Luis Pedro, tive muito orgulho em fazer parte de um grupo de jovens que marcaram positivamente o Corpo Nacional de Escutas em Monchique, e também com ele “rivalizava” em programas da Rádio Fóia. Devo confessar que o seu “Antárctica” teria muitas mais hipóteses de sucesso no panorama radiofónico Nacional do que o “meu Floresta”.

Na escola C+S de Monchique, era ele que assumia o controlo de uma serie de eventos organizados, muitas vezes com pouco tempo disponível, durante o final de período e/ou ano lectivo. Não posso esquecer a “discussão” com o Professor Pagarete sobre uma determinada festa em que só a calma e bom senso do Luis Pedro nos permitiram viabilizá-la.

Durante aproximadamente oito anos tive o prazer de dividir com ele, e mais dois amigos (em diferentes períodos, o José Carlos Páscoa e o Luis Rosa), um apartamento em Lisboa, e se a amizade existia antes como colegas de escola em Monchique e Portimão, e parceiros de “aventuras” na adolescência Monchiquense, foi neste período que muito aprendi com o nosso amigo Luis Pedro.

Considero-me um homem feliz por ter privado com um amigo espectacular, sempre disponível e com um carácter fantástico.

Numa última viagem para o hospital, já no início de Julho, dizia-lhe no automóvel, já prestes a chegarmos ao referido destino, que estávamos próximos da Rua Nina Marques Pereira, e ele respondeu-me para não lhe lembrar bons tempos…

Sim, de facto, foram excelentes tempos, em que muitas vezes conseguimos reunir dezenas de pessoas num apartamento reduzido para festejar…qualquer coisa! As longas noites de estudo, e as idas à padaria para comprar umas bolas de Berlim ainda quentes, e as entradas imediatas, fruto da sua forma de estar, que parecia conhecer toda a gente, à porta do Indochina, e ainda as noites de festa no “seu” ISG, são inesquecíveis.

Recordo também um conjunto de bons concertos ao vivo a que assistimos, principalmente aquele da sua preferência, dos Pink Floyd em Alvalade, na companhia do Rui Patrício.

Desde 2001 que éramos vizinhos na Atalaia, e escusado será dizer que a partir de agora, não será a mesma coisa! Li algures um seu amigo escrever no “Facebook” que não devíamos adiar um “cafezinho”! Pois, beber um cafezinho na Atalaia, não terá a mesma piada…



Não pretendo falar neste espaço na forma nobre e determinada como ele lutou contra o “bicho”, como o actor António Feio designou, nem louvar a forma inexcedível como a sua esposa Carla lutou junto dele para levar de vencido o já referido “bicho”, mas não posso deixar de fazer referência ao que o Luis Pedro representou na sua vida profissional.

Na área da multimédia, o Luis Pedro foi um dos pioneiros em Portugal, e eu recordo-me bem disso ainda no final da década de 90, enquanto colaborador da “Radical Media”, desenvolvendo o seu potencial mais tarde na empresa “Seara”. Não sou eu que o digo, mas sim os seus ex-colegas e ou ex-colaboradores nesta área. Por aquilo que o Luis Pedro representou, e pelo impulso que deu nesta área, e ainda pela sua sempre estreita ligação a Monchique, ainda hoje ao passar junto de um espaço da nossa terra, pensei para mim, que bem ficava o nome do Luis Pedro Carneiro ao lado do Espaço Internet de Monchique. No que depender de mim, julgo fazer todo o sentido!

Dedico este pequeno texto à sua filha Beatriz, à sua esposa Carla, aos seus Pais e Irmã e restante família, porque…sim.

Tal como na noite do seu velório sugerimos que ficasse escrito na coroa de flores do CNE, despeço-me dizendo ao meu amigo Luis Pedro que: “O nosso raide ainda não terminou…”. Até sempre amigo!

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