sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Nostálico 10

Quando frequentava a antiga 3ªclasse do ensino primário na saudosa escola primária de São Roque na turma da Professora Graça Batalim que muito marcou pela positiva aquele conjunto de crianças, respondi “Presidente da Republica” à pergunta sobre o queria ser quando fosse grande (embora a questão possa ter ocorrido numa aula da também saudosa Professora Cidália Duarte).
Mais tarde, no início da adolescência, e derivado em parte por dever o meu nome ao capitão do Glorioso SLB dos anos 70, Humberto Coelho (pela anuência dos meus Pais ao pedido do meu irmão), ansiava por ser um dia jogador profissional de Futebol! Ainda ambicionei ser Piloto de Aviões, fruto do sucesso filmatográfico dos anos 80, Top Gun – Ases Indomáveis. E, ainda antes de optar pela área de gestão, estive quase, mas mesmo quase, a optar pela área de História, na vertente de Arquelogia, sem qualquer tipo de influência do “Indiana Jones”!
Pela falta de dotes futebolísticos, pela impossibilidade de um dia “chatear” um “Sócrates” qualquer e pela falta de um dente do siso, era a arqueologia a única via capaz de me impedir de fazer aquilo que faço hoje em dia.
E opto por fazer esta introdução no Nostálico precisamente porque veio à memória um assunto relacionado com a Arqueologia e com Monchique.

Há poucos dias desfolhando um pequeno livro sobre a origem e o significado do nome dalgumas terras do nosso Pais, além de Marmelete, também é referenciada a aldeia do Alferce, nomeadamente o Posto de Vigia árabe da Pedra Branca.
Nos fantásticos momentos vividos como escuteiro no agrupamento de Monchique do CNE, recordo-me de uma actividade na freguesia do Alferce onde durante uma caminhada o Chefe José Carlos mostrou os vestígios e ruínas da antiga fortificação árabe num monte situado o lugar da Pedra Branca.
Pela minha paixão pela arqueologia e por Monchique, resolvi concorrer ao “Descobre a Tua Terra” de 1990, com um texto centrado precisamente no referido monumento.
Graças a esse posto de vigia árabe devo 10 dias maravilhosos a bordo do paquete Russo “Dimitri Shostakovich”, representando Monchique numa tripulação de centenas de jovens de todo o Pais.
Importa referir que o Posto de Vigia não foi suficiente para arrebatar o 1ºprémio, tendo a viagem a Macau ficado para outro concorrente de Monchique.

Passados que são actualmente dezoito anos desde o concurso volto, através do Nostálico, ao assunto Posto de Vigia Árabe da Pedra Branca!
Não tenho conhecimento de mais algum vestígio árabe no nosso concelho, e vejo nestas ruínas mais uma forma de divulgarmos Monchique, e em particular o Alferce.
Como sabem, por muito menos se divulgam locais e zonas do nosso Pais!
É obvio que, encontrando-se o nosso ex-libris nas condições em que se encontra, o Convento, falar agora de uma esquecida fortificação árabe, ou melhor, o que dela resta, talvez pareça algo presunçoso, mas ao Nostálico tudo é perdoado, e nada como colocar na mesma lista de prioridades culturais do nosso concelho o Convento e o posto de vigia árabe da Pedra Branca!

E com alguma imaginação, recriar junto do local momentos árabes, momentos da reconquista cristã, momentos que, imaginem, possam ter sido passados na nossa serra, as eventuais “Astúrias Algarvias”, onde os bravos descendentes de D. Afonso Henriques se refugiavam para reunir de novo forças para a reconquista de importantes praças Algarvias daquela época, como Silves ou Alvor!
Não! Por favor não divulguem esta ideia ao Mel Gibson, porque já chega o Braveheart e a Paixão de Cristo para derrame de sangue, e em Monchique se houver algum liquido para derramar que seja aguardente de Medronho (desde que não seja no chão!) …

Durante as minhas férias em Monchique ouvi por diversas vezes a tese de que Monchique, perdendo o Tribunal, perdendo outros organismos públicos para concelhos mais próximos, seria num determinado espaço de tempo absorvido por outros locais, havendo até quem já tivesse realizado a presumível “distribuição”:
Monchique para Portimão, Alferce para Silves e Marmelete para Aljezur!
Meu caros, antes dos jogos de futebol do campeonato distrital de juniores realizados na casa de equipas do litoral algarvio, o Professor Helder Carneiro dizia:
“- Vocês são da serra, são diferentes desta malta, e não se esqueçam que eles ainda vão jogar lá em cima!”
Nem quero acreditar em teses destrutivas, quero antes acreditar que mais facilmente nos tornaríamos no Liechtenstein ou San Marino de Portugal…

E despeço-me rapidamente antes que a imaginação passe pela eventual história dos “Rainiers” de Monchique!
A 80 km/hora, com um forte abraço para o meu amigo Sr. Raul Amado, ex-colega da também saudosa Fiat Portugal, pelas palavras amáveis na anterior edição do JM.
Até breve!

1 comentário:

Jorge Mangorrinha disse...

A propósito da viagem de cruzeiro de 1990, ver: http://aoencontrodasaguas.blogspot.com/2010/08/ha-20-anos-um-mar-de-esperanca.html
Cumprimentos
Jorge