segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Nostálico15

Nas férias da Páscoa, durante a viagem para Monchique, quando avistei a Serra, disse à minha filha Catarina:
- Estás ver a Serra de Monchique?
Ela respondeu:
- Qual delas?
Percebi que se referia à Fóia e Picota, e nem vos vou contar a dificuldade que tive em explicar-lhe esta questão aparentemente tão simples!

A Vila de Monchique, embora “instalada” na encosta da Fóia, tem à sua frente a magnifica vista da Picota.
Resolvi por isso dedicar este Nostálico às nossas duas montanhas!

Se uma visita ao alto da Fóia nos pode trazer em dias de boa visibilidade, o cabo de São Vicente, a baia de Lagos, a foz do Rio Arade em Portimão, a costa alentejana e até mesmo as torres de “fumo” de Sines (Se ainda existir quem duvide, tenho como testemunhas os meus companheiros bravos da equipa Nuno Alvares do agrupamento 383 do CNE de Monchique!), no “vulcão” da Picota temos a melhor imagem da nossa Vila, a possibilidade de ver o movimento dos aviões no Aeroporto de Faro e uma grande parte da costa algarvia “mediterrânica”.

No final da década de 80 surgiram dois projectos para rádio local em Monchique, Rádio Fóia e Rádio Picota. Quase que pareciam dois clubes rivais! Sport Lisboa e Fóia de um lado e Sporting Clube da Picota de outro (obviamente que não existia espaço para o Futebol Clube da Marioila!).
Eu próprio, à data, “devorei” com todo o interesse os objectivos de cada projecto publicados no JM, não conseguindo tomar uma posição (cuidado, porque no que diz respeito ao futebol, a minha posição seria sempre na Fóia!), até porque nasci na encosta da Picota, onde vivi até aos meus quatro anos, tendo depois vivido na encosta da Fóia até aos dezanove anos.

Falar na Rádio Picota fez-me lembrar o “mestre” José Glória que marcou uma geração de jovens no final dos anos 80, inicio dos anos 90, com o “seu” Travessa, local de culto da geração Monchiquense nascida principalmente entre 1965 e 1975, onde assistimos a passagens de modelos, onde se organizaram festas incríveis, e onde invariavelmente começavam e terminavam noites memoráveis (mesmo que “O Travessa” estivesse fechado, havia sempre um “Gelati Motta” para consolar o estômago!), sempre com o apoio e cunho pessoal do Sr. José Glória, grande Benfiquista (ficou por cumprir um sonho comum de uma casa do Glorioso em Monchique), a quem envio um forte e saudoso abraço, onde quer que ele esteja.

Voltando às duas montanhas da Serra de Monchique, qualquer uma delas com um potencial turístico elevadíssimo, ainda acredito numa ligação/estrada em condições para a Picota, de onde todos podiam ficar deslumbrados com a maravilhosa vista sobre a serra, sobre a vila de Monchique e sobre a futura pousada histórica de Portugal construída a partir das ruínas do Convento de Nossa Senhora do Desterro, podendo ser utilizada a coincidência do seu fundador, Pêro da Silva, ter sido posteriormente Vice-Rei da Índia, para uma “colagem” à cultura de Goa.
Se num Nostálico anterior referi o castelo da Pedra Branca, obviamente que não querendo relativizar o interesse deste último, a prioridade cultural do nosso concelho, na minha humilde opinião, seria sempre a reabilitação do espaço do Convento, quer fosse como Pousada ou como outro fim qualquer, mas diferente daquele que todos conhecemos desde que nascemos!

Não consigo fechar este Nostálico sem partilhar convosco um episódio ocorrido numa actividade do CNE de Monchique, no final da década de 80, quando num jogo nocturno, a memorável equipa “Águia” resolveu “entrar” no espaço do Convento vestida a rigor, ou seja, como frades franciscanos, cantando:
“Adoramus te Domine!”
Hoje, reconheço que fazia aquela subida para o Convento no meio daquelas árvores altas, que ainda faziam a noite mais escura do que estava, cheio de medo, não tivesse ainda para mais, assistido dias antes ao filme “O nome da Rosa”, baseado na obra do escritor Umberto Eco!

“Lasciare il 80/h fino alla próxima”
Bem hajam.

2 comentários:

Sonhador disse...

É sempre agradável recordar Monchique quando nos encontramos longe da nossa terra, em qualquer fase da nossa vida. Como eu o compreendo!
Saudações cordiais
deste vosso conterrâneo

Luis Duarte disse...

Depois de algum tempo a navegar há procura do site do velhinho 383,aparece este bloog muito interessante e que me ajudou a navegar na memória da minha juventude também passada no bar "A Travessa" e no C.N.E.Embora seja uma vila afastada de tudo e todos é a minha vila Natal e onde quando lá me desloco sinto arrepios por pensar tudo aquilo que fiz enquanto lá vivi.
Adorei o teu bloog vou visitá-lo mais vezes e aproveito para te pedir o seguinte:fotos de actividades dos finais dos anos 70 e até 87.O meu nome é Luis Duarte (Laranjeira), o meu email luis.duarte403@hotmail.com . E com um grande abraço que me despeço.