segunda-feira, 30 de março de 2009

O Nostálico 14

As curvas da “Estrada de Sabóia” fizeram o Nostálico perder o último JM, mas encontrou novamente o caminho, e regressa, julga ele, com uma questão interessante!

Decorria o ano de 1987 quando, num almoço de encerramento desse ano lectivo com a presença dos alunos das duas turmas do 9ºano, fui confrontado com uma resposta de uma colega que me deixou algo intrigado!
No final do almoço dizia-lhe eu que no futuro seria interessante reunir todos aqueles alunos, de preferência em Monchique, novamente na estrada da Fóia, para um almoço comemorativo.
A resposta dela foi directa e breve:
- Todos nós? Nem sonhes! Vamos seguir agora vidas diferentes. Alguns de nós vamos para duas diferentes escolas em Portimão, outros seguirão para outras escolas e muitos não pretendem dar continuidade aos seus estudos.
Embora intrigado, continuei a reforçar que seria possível reunir todos aqueles em futuros eventos!

Passados que são mais de vinte anos, de certa forma, dou-lhe hoje razão e aproveito para introduzir um tema que está, na minha opinião, indirectamente ligado ao envelhecimento do nosso concelho.
Obviamente que muitos outros motivos serão tão ou mais importantes do que este, mas queria partilhar com os leitores do JM alguns sentimentos que existiam em alguns alunos do 9ºano em 1987, e que, provavelmente, ainda perseguem alguns dos alunos Monchiquenses de hoje.

Voltando ao famigerado almoço, recordo-me de alguma revolta que sentia nessa época por ser “obrigado” a continuar os meus estudos em Portimão! Porque razão tinha eu de fazer cinquenta quilómetros diários para ir à escola?
E na mente de um adolescente de quinze anos ficava a certeza que era uma injustiça, a impossibilidade de concluir o ensino secundário no seu Concelho!
E quantos alunos do 10º, 11º e 12ºano são “alvos” fáceis de insucesso escolar, porque simplesmente não se adaptam à mudança e/ou porque o custo associado à conclusão desses três anos é muito superior ao custo enquanto alunos em Monchique?

Com este texto não pretendo criticar, apenas alertar, porque o êxodo dos jovens do concelho de Monchique para os concelhos no litoral, também se deve muito ao facto da não existência de 12ºano em Monchique (mesmo que com apenas uma ou duas áreas), ou no limite de uma escola profissional ligada a sectores de actividade actuais e com futuro na nossa terra, que permitissem a quem os concluísse, a possível continuidade da sua vida pessoal e profissional na terra que os viu nascer!
Porque mesmo para aqueles que não seguem estudos universitários, e para outros que, por diversas razões, decidem não concluir o 12ºano, se estiverem “habituados” a outras localidades, não necessariamente Portimão, não será porventura em Monchique que decidirão iniciar a sua actividade profissional.

Ainda este ano encontrei dois jovens Monchiquenses em dois diferentes concelhos do litoral, e á minha questão:
- Então! Saíste de Monchique?
A resposta foi exactamente a mesma:
- Era inevitável…

Mais uma vez reforço a ideia que o êxodo dos jovens no nosso concelho não se deve apenas à questão escolar, mas contribui de certeza absoluta!

Imagino o referido almoço de 1987 com alunos que permaneceriam na escola local para terminar o 12ºano, outros que dariam preferência à entrada na imaginária Escola Profissional de Monchique para formação na área de turismo, agrícola, florestal ou outra qualquer…
Numa sala ao lado, no mesmo Restaurante, estariam os “veteranos” do 12ºano da escola de Monchique a fazer o almoço de despedida de alguns que iriam para a Universidade (quiçá no pólo em Monchique da Universidade do Algarve para agronomia e energias renováveis!) e outros que dariam inicio à sua carreira profissional.
Percebem a diferença? É utopia? Ok, fiquemos com a dúvida…

Antes de sair a 80km/hora, gostava de vos questionar se serei o único a reparar que o autódromo internacional do Algarve fica a apenas alguns metros da fronteira com a freguesia de Marmelete, e que se a candidatura Luso-Espanhola conseguir a realização de um Mundial de Futebol, o estádio do Algarve apenas necessita que preencham as extremidades com bancadas para chegar aos 40.000 lugares, e assim impedir que os jogos em solo Português apenas se realizem em Lisboa e Porto?

Um cumprimento especial para os alunos do 9ºano no ano lectivo 1986/87 da então denominada escola C+S de Monchique, e para todos os leitores da JM com votos de uma boa Páscoa e muitos folares…

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